O Escândalo Envolvendo a Daihatsu Compromete a Reputação da Toyota: Entenda o Caso

A reconhecida fabricante de automóveis japonesa confessou ter adulterado os resultados dos testes de segurança dos seus veículos ao longo de mais de três décadas.

Desde a terça-feira, 26 de dezembro, a Daihatsu, uma empresa do grupo Toyota e também fabricante japonesa de veículos, suspendeu as operações em suas quatro unidades fabris no Japão. O motivo da paralisação é a admissão de que a empresa manipulou os resultados dos testes de segurança de seus automóveis por um período superior a 30 anos.

Um representante da Daihatsu comunicou à CNN que o encerramento das atividades das fábricas afetará aproximadamente 9.000 funcionários e deverá se estender até o final de janeiro.

O anúncio deste grave escândalo de segurança, feito pela Daihatsu e pela Toyota em 20 de dezembro, agravou a crise já existente na marca japonesa, que enfrentou outros desafios de segurança nos meses de abril e maio do corrente ano.

A seriedade do caso na Daihatsu é tal que a Toyota declarou que a situação “abalou profundamente os alicerces da companhia”.

Detalhes do Incidente com a Daihatsu

No dia 20 de dezembro, a Daihatsu veio a público através de um comunicado, no qual revelou que uma investigação independente identificou a falsificação de testes de segurança em aproximadamente 64 modelos de veículos, sendo 22 deles comercializados sob a marca Toyota.

A Toyota também divulgou os achados da investigação realizada pelo comitê independente.

De acordo com o relatório deste comitê, foram identificados 174 episódios em que a Daihatsu alterou dados, proferiu declarações inverídicas ou modificou de forma indevida os veículos para que estes obtivessem a aprovação nos testes de certificação de segurança.

O relatório aponta que o primeiro caso registrado data de 1989, observando-se um incremento significativo dessas ocorrências a partir de 2014.

Os 174 episódios afetam os 64 modelos de veículos citados (incluindo os 22 vendidos pela Toyota) e também três motores de veículos (um deles comercializado pela Toyota).

Em resposta a essas descobertas, a Daihatsu anunciou a suspensão temporária de todos os seus envios de veículos, tanto para o mercado interno quanto para o internacional, e informou que buscará orientação das autoridades para determinar os próximos passos.

Como medida reativa, a Toyota comprometeu-se a implementar uma reestruturação substancial em sua subsidiária, declarando na semana passada que “uma reforma abrangente é essencial para reanimar a Daihatsu”.

Além do escândalo mais recente, a Daihatsu já enfrentou outras controvérsias em 2023:

Em abril, a empresa admitiu ter desrespeitado as normativas em testes de impacto envolvendo mais de 88.000 carros, em sua maioria comercializados sob a marca Toyota em países como Malásia e Tailândia. Já em maio, a Daihatsu revelou ter encontrado mais irregularidades e confessou ter apresentado dados falsos nos testes de colisão de dois modelos de veículos elétricos híbridos.

Modelos Afetados pelo Escândalo Recente

No site oficial da Daihatsu (https://www.daihatsu.com/news/2023/20231220-4_1.pdf), é possível encontrar a lista dos 64 modelos implicados no escândalo de segurança de dezembro.

Dentre esses modelos, vários foram exportados para fora do Japão, incluindo destinos em diversos países da América Latina, como Chile, Equador e Uruguai.